ATITUDES DECOLONIAIS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORAS/ES
DES(RE)APRENDIZAGENS E (RE)CONSTRUÇÕES PRAXIOLÓGICAS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM LÍNGUA PORTUGUESA
Palavras-chave:
atitudes e tentativas decoloniais; estágio supervisionado; formação docente.Resumo
O objetivo deste artigo é discutir o agir professoral (crítico e decolonial) mobilizados por professoras/es na realização de intervenções em aulas no estágio supervisionado em Língua Portuguesa. Os dados analisados originam-se de um projeto de pesquisa desenvolvido em universidade pública situada no Norte do Brasil.A pesquisa sustenta-se nos estudos da Linguística Aplicada Crítica, sobre formação de professoras/es a partir das lentes decoloniais e no Interacionismo Sociodiscursivo, especialmente a partir das dimensões do trabalho do professor e seu agir professoral. O estudo configura-se como qualitativo-interpretativista, tendo como instrumentos de geração de dados diários reflexivos críticos (Liberali, 2003) produzidos pelos/as participantes da pesquisa. A análise parte de segmentos de tratamento temáticos do discurso desses participantes nos textos-fonte do trabalho por eles/as realizados. Os resultados demonstram que as/os professoras/es em formação, a partir do agir professoral de cada um/a, buscam realizar atitudes e tentativas de decoloniais em suas práticas docentes ao trazem temas sociais como forme, pobreza, racismo, gênero, homofobia, machismo, xenofobia, para suas intervenções, mas também se sentem impelidas/os por determinantes externos (Bronckart, 2006) que os/as impedem de pilotar um projeto de ensino em que esses temas sejam explorados de forma mais aberta nas aulas de língua portuguesa.
Referências
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. Notas da edição russa Serguei Botcharov. São Paulo: Ed. 34, 2016. p. 11-70.
BARBIER, R. A escuta sensível na abordagem transversal. In BARBOSA, J. (Coord). In: Multirreferencialidade nas ciências e na educação. São Carlos: EdUFSCar, 1998. p.168-199.
BORELLI, J. D. V. P. O estágio e o desafio decolonial: (des) construindo sentidos sobre a formação de professores/as de inglês. 2018. 224 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2018.
BORELLI, J. D. V. P.; PESSOA, R. R. Linguística aplicada e formação de professores: convergências da atuação crítica. In: PESSOA, R.R.; BORELLI, J.D.V.P. (Org.). Reflexão e crítica na formação de professores de língua estrangeira. Goiânia: Editora UFG, 2018, p. 17-35.
BORELLI, J. D. V. P.; SILVESTRE, V. P. V.; PESSOA, R. R. Towards a decolonial language teacher education. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 20, n. 2, p. 301-324, 2020.
BORELLI, J. D. V. P.; SILVESTRE, V. P. V.; PESSOA, R. R. Towards a Decolonial Language Teacher Education. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 20, n. 2, p. 301-324, 2020.
BULEA, E. Linguagem e efeitos desenvolvimentais da interpretação da atividade. Tradução Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin; Lena Lúcia Espínola Rodrigues Figueiredo. Campinas, SP: Mercado de Letras. 2010.
CAVALCANTI, M. Educação linguística na formação de professores de línguas: intercompreensão e práticas translíngues. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Linguística Aplicada na modernidade recente. São Paulo: Parábola, 2013. pp. 211-226.
CICUREL, F. As interações no ensino de línguas: agir professoral e práticas de sala de aula. Tradução de Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin, Larissa Maria Ferreira da Silva Rodrigues, Antônio Felipe Aragão dos Santos. Fortaleza: Parole, 2020.
DUBOC, A. P. M. Atitude decolonial na universidade e na escola: por uma educação outra. In: MASTRELLA-DE-ANDRADE, Mariana Rosa (org.). Decolonialidades na relação escola-universidade para a formação de professoras(es) de Línguas. Campinas, SP: Pontes Editores, 2020. p.151-177.
DUSSEL, E. Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir da filosofia da libertação. Sociedade e Estado, [S. l.], v. 31, n. 1, p. 51–73, 2016.
FABRÍCIO, B. F. Linguística aplicada como espaço de “desaprendi¬zagem”. Redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma linguística aplicada INdisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 45-65.
FABRÍCIO, B. F. Repetir-repetir até ficar diferente: práticas descoloniais em um blog educacional. L&S Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 18, p. 9-26, 2017.
FERRAZ, D. M. Educação crítica em língua inglesa: neoliberalismo, globalização e novos letramentos. Curitiba: Editora CRV, 2015.
FERREIRA, A. J. Educação Linguística Crítica e Identidades Sociais de Raça. In: PESSOA. R., SILVESTRE, V., MÓR, W.M. Perspectivas críticas de educação linguística no Brasil: trajetórias e práticas de professoras/es universitárias/os de inglês. São Paulo: Pá de Palavra, p. 39-46.2018.
GOMES, R.; NOGUEIRA, H. B. Educação linguística crítica e a produção digital de infográficos por alunos do ensino médio técnico com temáticas contra homofobia. Texto Livre. Belo Horizonte-MG, v. 13, n. 2, p. 32–55, 2020.
GURGEL, M. C. A figuração do agir e os seus efeitos formativos: linguagem, subjetividade, ação e desenvolvimento profissional nas atividades de formação inicial de professores. 2018. 439f. - Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Linguística, Fortaleza (CE), 2018.
GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Sociedade e Estado, [S. l.], v. 31, n. 1, 2016, p. 25–49.
Hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Tradução: Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2013.
KLEIMAN, A. B. Agenda de pesquisa e ação em Linguística Aplicada: problematizações. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Linguística Aplicada na modernidade recente: festschrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola, 2013. p. 39-58.
LEURQUIN, E. V. L. F. Que dizem os professores sobre seu agir professoral? In: Ensino-aprendizagem na perspectiva da linguística aplicada. MAGELA, Ana Flávia Lopes (Org.). Campinas: Pontes, 2013, pp.299-323.
LEURQUIN, E. V. L. F.; SOUZA, K. A. M. de. A formação de professores de português para falantes de outras línguas: rotas e (novas) perspectivas. In: Materiais didáticos, formação de professores e ensino de gramática. (Orgs.). SÁ, R. L. de; GUEDES, S. R. Vol. 3: Campinas, SP: Pontes Editores, 2016, p. 95-112.
LIBERALI, F. C. O diário como ferramenta para a reflexão crítica. 1999. Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1999.
MACHADO, A.R.; BRONCKART, J.P. (Re-)configurações do trabalho do professor construídas nos e pelos textos: a perspectiva metodológica do grupo ALTER- LAEL. In: ABREU-TARDELLI, L. S.; CRISTÓVÃO, V.L. L. (Orgs.). Linguagem e educação: o trabalho do professor em uma nova perspectiva. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2009. p. 31-77.
MALDONADO-TORRES, N. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2019. p. 44-93.
MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global, 2007, p. 127-167.
MASTRELLA-DE-ANDRADE, M. Apresentação: Esforços decoloniais e o desejo de romper com binarismos e hegemonias na relação escola-universidade. In: MASTRELLA-DE-ANDRADE, M. (Org.). (De)Colonialidades na relação escola-universidade para a formação de professoras/es de línguas. Campinas, São Paula: Pontes Editores, 2020. p. 13-20.
MIGNOLO, W. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF - Dossiê: Literatura, língua e identidade. n 34, 2008, pp. 287-324.
MIGNOLO, W.; WALSH, C. E. On decoloniality: Durhan; London: Duke University Press, 2018.
MOITA LOPES, L. P. Como e por que teorizar o português: recurso comunicativo em sociedades porosas e em tempos híbridos de globalização cultural. In: MOITA LOPES, L. P. O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. p. 101-119.
MOITA LOPES, L. P.; FABRÍCIO, B. F. Por uma ‘proximidade crítica’ nos estudos em Linguística Aplicada. Calidoscópio, [S. l.], v. 17, n. 4, p. 711–723, 2019.
PESSOA, R.; SILVA, K. A.; FREITAS, C. C. (Orgs.). Praxiologias do Brasil central sobre educação linguística crítica. São Paulo: Pá de Parábola, 2021.
PESSOA, R. R.; SILVESTRE, V. P. V.; BORELLI, J. D. V. MASTRELLA-DE-ANDRADE, M. R. (OrgS.). Universidadescola e educação linguística crítica: compartilhando vivências dos GEPLIs GO, MT e DF. 1. ed. Goiânia: Editora CEGRAF UFG, 2022.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas Latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005, p. 227-278.
ROCHA, C. H. Memórias e histórias de uma professora de inglês por entre reflexões e vivências do letramento crítico. In: PESSOA. R., SILVESTRE, V., MÓR, W.M. (Org.). Perspectivas críticas de educação linguística no Brasil. 1ed.São Paulo: Pá de Palavra, 2018, v. 1, p. 81-92.
RUELLAND-ROGER, Danielle. Gênero de atividades profissionais, variantes estilísticas e genericidade em clínica atividade. Cad. psicol. soc. trab., São Paulo , v. 16, n. spe, p. 133-144, 2013.
WALSH, C. Interculturalidad crítica y educacion intercultural. In: VIANA, J.; TAPIA, L.; WALSH, C. Construyendo interculturalid crítica. La Paz: III – CAB, 2010. p. 75-96.
WALSH, Catherine. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In. CANDAU, V. M. (Org.). Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009. p. 12-43.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Letras Escreve

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
