O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PREVISTO PELA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) PARA O FUNDAMENTAL II E O EIXO “DIMENSÃO INTERCULTURAL”

Autores

  • Mariana Cristine Gonçalles Universidade Federal do Paraná

Palavras-chave:

ensino-aprendizagem de língua inglesa; Base Nacional Comum Curricular; interculturalidade; colonialidade/decolonialidade.

Resumo

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é pano de fundo atual para a educação brasileira. Tal documento carrega, portanto, certa responsabilidade norteadora das práticas educacionais, o que recai sobre como o ensino-aprendizagem de língua inglesa tem sido ressignificado, em alguns contextos, a exemplo das habilidades selecionadas pela BNCC. A partir disso, não há como descredibilizar o esforço que a BNCC apresenta ao repensar a disciplina de língua inglesa nas escolas e por vezes promover a linguagem enquanto prática social dinâmica. Entretanto, é possível entender algumas tentativas como outras formas de perpetuar certa naturalização discursiva do que é dado como “normal” e como “diferente” dentre culturas, comunidades e povos falantes da língua inglesa. Assim, discutimos neste artigo sobre como o eixo dimensão intercultural selecionado para o Ensino Fundamental II e o trabalho com a interculturalidade como uma habilidade linguística na sala de aula de língua inglesa podem valorizar certos tipos de práticas sociais e silenciar outras, universalizando entendimentos sobre culturas, modos de vida e falantes da língua, especialmente quando não se instrumentaliza sociabilidades e se cria inteligibilidade sobre problemas sociais em que a língua tem papel central (Moita Lopes, 2009a). Por fim, entendendo a decolonialidade como um processo de identificação e desnaturalização dos efeitos do que seria a colonialidade (Mignolo, 2007), discutimos também como o pensamento e a prática decolonial são possibilidades de ressignificar entendimentos e interpretações culturais que se possam ter sobre a língua inglesa e seu povo, na busca de uma educação linguística crítica. A análise feita aqui se situa, portanto, no paradigma qualitativo-crítico, interpretativista e performativo (Denzin, 2018). Em termos de possíveis fins conclusivos, entendemos que a BNCC se propõe a uma educação linguística crítica, entretanto, o eixo dimensão intercultural merece atenção e reflexão, a fim de estarmos atentos a possíveis reproduções coloniais que tal proposta pode reforçar.

Biografia do Autor

Mariana Cristine Gonçalles, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda em Linguística Aplicada na linha de pesquisa Linguagens, culturas e identidades: ensino e aprendizagem da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestra em Estudos Literários e formação do leitor pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) em 2016. Especialista em ensino de língua estrangeira e práticas tradutórias pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) em 2018. Pesquisadora com interesses nas áreas de língua inglesa, estudos da tradução, estudos do letramento, ensino-aprendizagem de línguas, formação de professores e estudos decoloniais. Professora do curso de Letras português-inglês na Universidade Unicesumar e de língua inglesa para o Ensino Médio. "Os híbridos, as mestiçagens, as misturas reinam cada vez mais soberanas." (ROJO, 2012)

Referências

BRAHIM, A. C. S. de M. et al. A linguagem na vida. 1. ed. – Campinas, SP: Pontes Editores, 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ministério da Educação e do Desporto: Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 15 agosto 2024.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular em planilha. 2018, s.p. Disponível em <http://download.basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em 21 ago. 2024.

CASTRO-GOMEZ, S. La poscolonialidad explicada a los niños. Popayán: Editorial Universidad del Cauca, 2005.

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Publicado

28-02-2025

Como Citar

GONÇALLES, Mariana Cristine. O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PREVISTO PELA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) PARA O FUNDAMENTAL II E O EIXO “DIMENSÃO INTERCULTURAL”. Revista Letras Escreve, [S. l.], v. 14, n. 3, p. 223–240, 2025. Disponível em: https://periodicos.unifap.br/letrasescreve/article/view/357. Acesso em: 1 abr. 2025.

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