Etnomatemática e Origamis Tridimensionais

Similaridades entre grupo de adolescentes privados de liberdade em diferentes regiões do Brasil

Resumo

Este artigo, elaborado a partir de pesquisa realizada em uma Fundação pública do estado do Rio Grande do Sul, tem o objetivo de discutir sobre elementos que pertencem a uma narrativa discursiva sobre as práticas educativas desenvolvidas na perspectiva Etnomatemática com adolescentes em conflito com a lei, em cumprimento de medida socioeducativa de meio fechado. Os dados comprovam similaridades no processo da feitura do origami tridimensional entre unidades socioeducativas de vários estados brasileiros. Apresenta, além da prática no sistema privativo gaúcho, a contribuição das adolescentes de Goiânia em uma visita ímpar sobre dobraduras “celofonadas”. Trata-se de identificar as diversas práticas oferecidas no sistema socioeducativo, em especial, a confecção de origamis, visto como passatempo rico que envolve habilidades psicomotoras, atenção, motivação, reciprocidade e aprendizagem, sendo importante ocupação do tempo ocioso neste sistema, cuja contribuição é de suma importância para a saúde mental no sistema socioeducativo. Por meio dos saberes matemáticos, rechaça-se o mito em torno da Matemática como área exclusiva dos “mais inteligentes” e de um único modo de matematizar. Deste modo, o domínio do funcionamento cognitivo que este saber opera, em relação ao contexto da privação de liberdade, traz importante ressignificação sobre os estudos da Etnomatemática.