A EP´ISTEMOLOGIA À NU

Autores

Palavras-chave:

Epistemologia decolonial, Epistemologia social feminista, Objetividade corporificada, Cosmopercepção

Resumo

Nosso objetivo é o de compreender como chegamos a nos tornar essas intelectuais que somos, consumidoras e reprodutoras de teorias importadas das universidades europeias e norte-americanas, e, porque o privilégio epistêmico resguardado a um grupo limitado de pensadores oriundos de países hegemônicos foi sendo construído ao longo do processo modernidade/colonialidade. Esses desajustes e incoerências estão ‘solidamente’ justificados em estruturas de conhecimento que são epistemicamente racistas e sexistas. Para entender, e, então, desnaturalizar, essa relação de ‘superioridade/ inferioridade’ epistêmica é fundamental que tenhamos em mente os processos históricos mundiais que produziram essas estruturas de conhecimento fundadas no racismo e no sexismo. Mesmo diante de um verdadeiro monopólio do conhecimento advindo do Norte Global, aceito por uma grande parcela da intelectualidade situada em um Sul Global, se concordamos que a teoria emerge da realidade, ou seja, é uma conceitualização de experiências sociais e históricas, portanto dependente das visões de mundo e sensibilidade de seus formuladores, então poderíamos concluir que currículos baseados em experiências localizadas nas experiências de autores de apenas cinco países (França, EUA, Alemanha, Inglaterra, Itália) são provincianos. Ocorre, porém, que nem todos pensam assim. Ao contrário, o conhecimento produzido pelos autores desses cinco países é investido de tal universalidade que não se reconhece que essa limitação geográfica seja um problema, seja um sinal de provincialismo. Como chegamos a essa situação? Por que nós, intelectuais de universidades do Sul-Global, aceitamos passivamente essa opressão epistêmica, esse colonialismo do conhecimento? Para entender, e, então, desnaturalizar, essa relação de ‘superioridade/ inferioridade’ epistêmica é fundamental que tenhamos em mente os processos históricos mundiais que produziram essas estruturas de conhecimento fundadas no racismo e no sexismo.

Biografia do Autor

Caroline Marim, Universidade Federal de Pernambuco

Professora substituta e pesquisadora do Departamento de Filosofia da UFPE. Doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Oxford University (2010). Coordenadora Grupo de Pesquisa Epistemologias Afetivas Feministas (CNPq/PUCRS) e organizadora da Coleção Pindorama de Estudos em Decolonialidade e Gênero. Editora Ape’ku.

Susana de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora pesquisadora do Departamento de filosofia da UFRJ e do Programa em filosofia da UFRJ. Doutora em filosofia pela Universidade de Munique (2003). Coordenadora do Grupo de Estudos Decoloniais Carolina Maria de Jesus (CNPq/UFRJ) e organizadora da Coleção Pindorama de Estudos em Decolonialidade e Gênero.

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Publicado

2025-10-30