Fenômeno migratório de brasileiros para a Guiana Francesa
Palavras-chave:
Migrações, Fronteira, ClandestinidadeResumo
A presença de trabalhadores brasileiros na Guiana Francesa já ocorre há pelo menos três décadas. Desde o início dos anos 80, no auge da construção das instalações da cidade de Kourou1, a saída de nortistas para a cidade de Caiena, tornou-se uma opção para milhares de desempregados da região. O município de Oiapoque mereceu uma importância especial em nossa pesquisa, principalmente pela pouca atuação do Estado brasileiro nesta zona de fronteira. O trabalho aqui exposto tem por finalidade evidenciar o fenômeno migratório de brasileiros para a Guiana Francesa, apontando, a partir de uma visão sociológica, como esta questão se encontra atualmente. A pesquisa contou com os seguintes procedimentos metodológicos: observação participante, entrevistas qualificadas e de controle, bem como registros fotográficos nos locais-chave da pesquisa (Porto de Santana, Aeroporto Internacional de Macapá, Rodoviária e a cidade de Oiapoque). Foi constatado que o fenômeno migratório foi acelerado primeiramente a partir da necessidade de trabalhadores para construir a base espacial européia na Guiana Francesa; a partir da década de 1990 novos elementos intensificaram esse fluxo, agora por outros motivos, a saber: importância do Euro perante o Real; invasão dos garimpos do “lado francês”; oportunidade de adquirir nacionalidade francesa, conseqüentemente as várias benesses oferecidas pelo Estado Francês. Por outro lado, a pesquisa apontou que os objetivos dos emigrantes, principalmente a vontade de ascender financeiramente, na maioria das vezes é frustrada. Vários são os fatores para tal, dentre eles: a) a malária e outros tipos de doenças tropicais, no caso dos garimpos, onde fatalmente o enfermo morre por falta de assistência médica; b) a intensificação do combate à migração clandestina feita pela Polícia Francesa; e c) o alto custo de vida, tanto nos garimpos clandestinos quanto em Cayenne, local onde as mercadorias são 30% mais caras do que na Metrópole (França). De forma mais específica, vimos que trabalhar na Guiana francesa tem significados diferenciados para trabalhadores ilegais e legais: para o primeiro grupo, significa, principalmente, garantir as mínimas condições materiais de existência; já para o outro, é a chance de poder desfrutar das benesses do Estado de Providência Francês.