Imprensa, ditadura militar e conflito fundiário na Fazenda Campos Novos
a memória da repressão e o regime de terror.
Palavras-chave:
Memória; Imprensa; Violência Política; Conflito Fundiário; Ditadura Militar.Resumo
Este artigo tem como objeto refletir sobre o registro, na imprensa, do conflito fundiário na Fazenda Campos Novos, na Região dos Lagos, estado do Rio de Janeiro; tomando como foco privilegiado o período da ditadura militar (1964-1985) e a comunidade da Caveira, formada por um campesinato negro descendente de escravizados. Após o Golpe de 64, se estabeleceu um regime de terror sobre as famílias camponesas que tinha como objetivo a expulsão das mesmas, com a cumplicidade de policiais, delegados, políticos e militares. Abordamos também as categorias, representações e estratégias que configuraram as formas de mobilização política e expressão organizativa da comunidade Caveira frente às violências comandadas pelos fazendeiros, identificando-se como lavradores e trabalhadores rurais, conforme a gramática moral da reforma agrária. As descrições e análises aqui apresentadas se basearam na consulta a hemeroteca da Biblioteca Nacional, cujo acervo está disponível na internet. Nossa intenção é colaborar com o fortalecimento e manutenção da memória de resistência e de luta pela terra dos quilombolas da Caveira, fator fundamental na formação da sua identidade étnica no presente, à contrapelo da versão hegemônica da história da região dos lagos. Pretendemos assim contribuir com os estudos sobre a repressão política ao campesinato e aos trabalhadores rurais durante a ditadura militar, como também sobre as relações entre a imprensa e o regime autoritário instalado no país em 1964.