VIVÊNCIAS NA ESCASSEZ HÍDRICA
A REALIDADE SOCIAL E ECONOMICA NO SEMIARIDO PIAUIENSE
Palavras-chave:
Escassez de água, Políticas assistenciais, SemiáridoResumo
Com o objetivo de conhecer as dificuldades diárias da população do Território Vale do Guaribas, causadas pela restrição ao acesso de água, este estudo coletou dados da região do semiárido piauiense concernente ao vale do rio Guaribas, que mostram que o uso doméstico de água ainda sofre restrições, independentemente da presença de fontes melhoradas, e as variações no uso são impulsionadas pelas interações da pobreza e da variabilidade das chuvas. Na estação seca, quando muitas fontes falham, o uso para higiene e subsistência cai perigosamente, principalmente entre as famílias pobres, pois o tempo de coleta coincide com a alta demanda por trabalho assalariado. O fornecimento de água suficiente para produção animal e plantio também configuram um desafio para as famílias pobres, que usam menos água porque têm menos mão de obra para a coleta de água e menos ativos de armazenamento e transporte. A escassez de mão de obra também faz com que fontes mais próximas e inseguras sejam preteridas a esquemas protegidos mais distantes. Os benefícios para a saúde e os meios de subsistência de um melhor acesso à água dependem do uso contínuo de água segura suficiente, por todos, mas há um conhecimento limitado dos padrões reais de uso da água e de suas políticas de fornecimento. Aqui, evidenciamos uma lacuna e documentamos as desigualdades intracomunitárias e as variações sazonais no acesso à água. Elas não são capturadas nas estatísticas de cobertura, mas é provável que ocorram sempre que a variabilidade climática se acentue, pois a infraestrutura é inadequada e a pobreza ainda é grave.