Economias indígenas: problemas de conceituação e descrição.
O caso dos Fulni-ô em Pernambuco
Palavras-chave:
economias indígenas, Fulni-ô, Pernambuco.Resumo
Ao tentar elaborar etnografias das práticas econômicas de um povo indígena, um dos problemas que podem surgir é entender o que pode ser chamado indígena nas atividades observadas, em particular quando há interações históricas, prolongadas e intensivas, com ambientes sociais não indígenas. Muitas vezes o conjunto de atividades está tão fortemente integrado no cenário econômico local e regional que qualquer observador atento pode se perguntar quais os critérios que ainda podem ser aplicados para definir práticas econômicas como indígenas, a não ser por causa dos atores sociais envolvidos. Neste artigo é apresentado e discutido o caso dos Fulni-ô que habitam uma terra indígena em torno da cidade de Águas Belas, no Agreste pernambucano. Sua integração nas relações econômicas locais e regionais é tão intensa que uma descrição sumária de suas atividades parece ser, à primeira vista, um espelho da vida da população rural sertaneja. No entanto, há uma série de atividades que os diferencia da população local, contudo são justamente estas práticas, as quais incluem o arrendamento de terra a não-indígenas, que dificultam a elaboração de etnografias confiáveis sobre a vida econômica dos Fulni-ô. O artigo apresenta os problemas encontrados em campo e os resultados de pesquisas que visam oferecer caminhos para diálogos sobre o futuro dos Fulni-ô dentro dos limites de sua terra, do ponto de vista econômico.