DIÁRIOS DE APRENDIZAGEM NAS AULAS DE SOCIOLOGIA

REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE SOCIOLOGIA, ESCOLA E AVALIAÇÃO

Autores

Palavras-chave:

Avaliação, Juventude, Educação, Escola, Ensino de Sociologia

Resumo

O trabalho apresenta um fragmento da pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO). A pesquisa aborda o processo de avaliação na disciplina de sociologia no ensino médio. Para tanto, é analisada a proposta desenvolvida pelo educador/pesquisador denominada de “diários de aprendizagem”. Questiona-se se os objetivos propostos para o ensino de sociologia nos documentos curriculares e na produção acadêmica efetivam-se na sala de aula. As aulas de sociologia são capazes de produzir o estranhamento e a desnaturalização anunciados como objetivos em documentos do Ministério da Educação (MEC - 2006) e Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná (SEED-PR 2008)? A avaliação dos conteúdos de sociologia integra-se coerentemente no movimento didático das aulas no ensino médio? A análise dos documentos legais e das pesquisas acadêmicas demonstrou que os textos priorizam as concepções, os princípios e os objetivos que devem orientar o ensino de sociologia, contudo, a avaliação é uma temática pouco abordada. Situa-se a questão da avaliação desde a relação entre a trajetória escolar dos jovens e o desempenho na disciplina de sociologia. A partir das teorias de Charlot (2005), Lahire (1997) e Dayrell e Reis (2007), reflete-se sobre os sentidos e os significados que os jovens estudantes atribuem aos conhecimentos das ciências sociais e quais disposições poderiam desenvolver desde as aulas de sociologia e dos diários de aprendizagem. Uma hipótese é que os diários de aprendizagem poderiam ter alterado e ativado as disposições dos estudantes para estudar sociologia, criando dedicação à leitura e à escrita a partir dessas aulas, as quais representam um momento de consolidação do processo de ensino e aprendizagem, deixando de ser apenas um momento de atribuição de notas. Organizou-se algumas técnicas de pesquisa na metodologia qualitativa que apreendesse traços da trajetória escolar de estudantes das turmas que escreveram os diários. Para chegar as amostras e a escolha dos depoimentos, foram mobilizados dados de uma pesquisa quantitativa realizada pelo Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de Sociologia (LENPES), com questionários que auferiram algumas dimensões da vida dos estudantes de várias escolas de Londrina (PR) e região. Esses dados quantitativos foram cotejados com outros dados produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEPE; SEED-PR e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Como achados dessas análises, vimos que os jovens atribuem significados diversos aos conhecimentos sociológicos e que as trajetórias escolares são influenciadas por aspectos objetivos, tais como condições econômicas e organização familiar, e subjetivos, no que se refere ao modo como se apropriaram da experiência de escrever os diários ativando várias disposições para aprender e se dedicar aos estudos. Num cenário de crescimento do neoliberalismo e dos movimentos conservadores, a presença das ciências sociais na educação básica adquire dimensão política e as transformações no contexto econômico, social e político ocorridas principalmente a partir de 2016 geraram impacto na formulação das políticas educacionais e, consequentemente, no ensino de sociologia.

Biografia do Autor

Rogério Nunes da Silva

Professor de Sociologia da rede estadual do Paraná. Formado em Ciências Sociais e Direito. Mestre em Sociologia pela UEL/PROFSOCIO.

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Publicado

2025-11-02

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Artigos