O modelo de desenvolvimento do Tocantins e o povo Akwẽ-Xerente: impactos socioambientais e desafios da interculturalidade

Reijane Pinheiro da Silva, Héber Rogério Grácio

Resumo


Este artigo discute a relação entre o modelo de desenvolvimento em curso no estado do Tocantins e alguns dos impactos que afetam as terras e, consequentemente, a organização social, cosmológica e produtiva do povo indígena Akwẽ-Xerente. Resultado de uma pesquisa realizada no período de 2015 a 2018, as reflexões se embasam na perspectiva do diálogo etnográfico com os atores e a realidade indígena, além de dados quantitativos para a caracterização do modelo de desenvolvimento em questão. A expansão do agronegócio e a implantação de projetos de infraestrutura como a Usina Hidréletrica (UHE) Luiz Eduardo Magalhães, intensificaram impactos já vivenciados pelo contato prolongado desse povo com a sociedade nacional. Identificamos que há uma relação direta entre esses projetos e mudanças nas formas tradicionais de obter e produzir alimentos, o que causou e tem intensificado a insegurança alimentar entre esse povo. As relações cosmológicas, marcadas pela intercomunicabilidade com os seres que coabitam o território Akwẽ, também têm sido desestruturadas pelo processo analisado. Políticas públicas e projetos voltados para diminuir impactos e promover “desenvolvimento” entre os povos indígenas do estado desconsideram as perspectivas êmicas, as ciências e as cosmologias tradicionais, reproduzindo práticas colonizadoras e reforçando conflitos já estabelecidos historicamente.


Palavras-chave


Desenvolvimento, Tocantins, Impactos, Povo Akwẽ-Xerente

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DOI: https://doi.org/10.18468/pracs.2020v13n2.p131-144

Direitos autorais 2020 PRACS: Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP

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