A plasticidade da normatividade: reflexões sobre a vida biológica e social com a doença de Chagas

Kelly Koide

Resumo


No presente artigo, elaboro uma reflexão acerca da ideia de individualidade orgânica na criação de normas e procuro compreender, por meio das obras do médico e filósofo francês Georges Canguilhem (1904-1995), em que sentido a patologia não poderia ser uma matéria esvaziada de subjetividade e, por esse motivo, não pode ser entendida apenas pela sua descrição anatomopatológica ou fisiológica. Para Canguilhem, definir a doença a partir de uma normalidade – esta última entendida como um padrão regular de atividade do organismo em condições definidas – leva a clínica a localizar a doença nos órgãos, nos tecidos, nas células e a partir dos prefixos “hiper”, “hipo”, “mega”, que pressupõem um padrão normativo. Assim, a doença é identificada nas radiografias, ecografias, autópsias e nos laboratórios. Canguilhem defende, no entanto, que o patológico não pode ser classificado como um sintoma tomado isoladamente, pois ele só pode ser considerado enquanto tal em relação ao organismo considerado na sua totalidade. Nesse sentido, um fenômeno biológico não pode ser qualificado como patológico apenas por meio de um método objetivo. A reflexão aqui apresentada está ancorada em uma pesquisa de campo realizada em Recife, mais especificamente na experiência e na percepção de uma portadora da doença de Chagas, à luz de sua capacidade de criar novas normas de vida biológica e social.

Palavras-chave


normal; patológico; doença de Chagas; Georges Canguilhem

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DOI: https://doi.org/10.18468/pracs.2019v12n1.p153-173

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