‘Ouvir’ os animais: contribuições epistemológicas para o quilt ecofeminista

Resumo

O desenvolvimento de um projeto ético-político ecofeminista, que rompe com os padrões sistemáticos de opressões e, na dimensão propositiva, constrói relações éticas e justas em relação aos humanos, aos animais e a natureza, constitui-se, necessariamente, como um projeto interdisciplinar. Por isso, neste artigo nos propomos a pensar na construção de uma epistemologia ecofeminista, a fim de compreender como é possível ‘ouvir’ os animais, entender suas experiências e estabelecer relações que contribuam para o florescimento e desenvolvimento da vida dos seres de diferentes espécies. Nesse sentido, partimos da injustiça na produção do conhecimento, envolvendo as críticas feministas ao androcentrismo e ao antropocentrismo presentes nessa produção. Com base na compreensão feminista da injustiça epistêmica, traçamos em seguida os elementos centrais para uma epistemologia ecofeminista, ou seja, desenvolvemos uma concepção de justiça plural que inclua as vozes dos animais não humanos a partir da ‘perspectiva dos funcionamentos’, elaborada pela filósofa Maria Clara Dias.