Do biopoder ao cuidado de si

Débora de Sá Ribeiro Aymoré, André Luiz Souza Coelho

Resumo


Nosso artigo analisa a transição de ênfase de Michel Foucault da biopolítica, relacionada às populações, para o cuidado de si. O “biopoder” está relacionado, primeiramente, ao controle social exercido como um direito de morte do soberano sobre seus súditos e, a partir dos séculos XVIII e XIX, se operacionaliza por meio da administração dos corpos e na gestão da vida, em questões relativas à natalidade, à saúde pública e à migração. Torna-se um desiderato político-social a constituição dos corpos e mentes dóceis, aptas ao trabalho. No entanto, em suas obras tardias, nos últimos volumes da História da Sexualidade e suas aulas no Collège de France, entre 1980 e 1982, parte delas reunidas em A hermenêutica do sujeito, Foucault transita para uma reelaboração da ética do cuidado, que se caracteriza pelo retorno à moral greco-romana para dela reelaborar uma ética como o modo como o indivíduo se constitui a si mesmo como um sujeito moral de suas próprias ações, isto é, a ética como a relação de si para consigo. A compreensão dos processos, a prática dos cuidados em torno de si, cria rupturas com os padrões que obscurecem a nossa consciência da natureza dos modos anteriores e interiores que sustentam e orientam as instâncias mais consolidadas e localizadas no centro de nossas vidas. 


Palavras-chave


biopoder, Michel Foucault, cuidado de si

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DOI: https://doi.org/10.18468/pracs.2019v12n1.p09-22

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