A Fonologia do Awetí

Sebastian Velten Drude

Resumo


O trabalho apresenta as principais propriedades fonológicas do Awetí (Tupí). O Awetí tem seis vogais orais e nasalidade vs. oralidade distintiva em pelo menos uma sílaba de cada palavra; em outras sílabas o contraste é neutralizado (harmonia nasal). Entre as quinze consoantes predominam as de articulação apical; as fricativas e a lateral têm uma posição marginal no sistema. A posição do acento lexical é usualmente previsível, ele recai sobre a última vogal da raiz, com poucas exceções. A harmonia nasal é o fenômeno suprassegmental mais saliente. Na fonotática encontramos a estrutura básica [C1] [V1 [C2]] V2 [C3] e descrevemos estatisticamente as frequências de padrões (poli)silábicas e a distribuição dos fonemas. Finalmente analisamos alguns processos potencialmente morfo-fonológicos, em particular a ocorrência ou não da lenição das consoantes finais, e a assimilação da partícula /mɛ̠/. Estes dois fenômenos, bem como a harmonia nasal, são analisados fazendo uso de uma teoria fonológica ‘declarativa’ de dois níveis (sem derivações): um nível fonético e um fonológico o qual permite, ao lado dos fonemas tradicionais, unidades mais abstratas (arquifonemas como as consoantes finais como /P/ = {bilabial}, as vogais ‘neutras’ – sem o traço de oralidade/‌nasalidade –, e unidades abstratas como /°/ = {oclusiva, oral}, e /~/ = {nasal}).


Palavras-chave


Fonologia; Fonética; Fonotática; Arquifonema; Harmonia nasal

Texto completo:

PDF


DOI: https://doi.org/10.18468/rbli.2020v3n2.p183-205

Direitos autorais 2021 Revista Brasileira de Línguas Indígenas

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.