Percurso das almas numa apreciação semiótico-discursiva

José Leite Junior

Resumo


Este artigo apresenta uma abordagem semiótico-discursiva sobre o Auto da Alma, peça de Gil Vicente apresentada à família real portuguesa em 1518. Essa peça teatral, assim como a chamada Trilogia das Barcas, do mesmo dramaturgo, costuma ser considerada uma alegoria da transição da vida física para o plano espiritual. Na análise são consideradas as estratégias de manipulação, segundo Greimas e Courtés (2008) empregadas pelo adjuvante e oponente em seu fazer persuasivo. O estudo também leva em consideração as propostas teórico-metodológicas tanto da semiótica das paixões (GREIMAS e FONTANILLE, 1993), como da semiótica tensiva (FONTANILLE e ZILBERBERG, 2001; ZILBERBERG, 2011). Os achados mais relevantes a análise permitem constatar uma adesão enunciativa aos valores ideológicos do contexto histórico. O discurso é marcado pela correção inversa entre o andamento intenso e acelerado do programa divino e o retardo atenuante e extensivo do contraprograma diabólico. Além disso a Igreja Católica é configurada como espaço de triagem moral e de reiteração da regra e da autoridade.

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DOI: https://doi.org/10.18468/letras.2019v9n1.p55-65

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