OS FLAGRANTES LÍRICOS NA ÉPICA CAMONIANA

Leonildo Cerqueira, Elizabeth Dias Martins

Resumo


É comum dividirmos os textos literários de acordo com os gêneros lírico, épico e dramático. Entretanto, de acordo com Emil Staiger (1977), essa divisão não pode ser considerada de modo estanque. Para ele, todos os textos possuem traços de cada um desses gêneros, então, resta-nos classificá-los conforme a predominância do gênero em cada caso particular. Partindo, portanto, disso, investigaremos no poema camoniano Os Lusíadas — predominantemente épico —, os traços de escrita lírica. Para tanto, lançaremos mão dos principais episódios da epopeia, a saber, “Inês de Castro”, “Gigante Adamastor”, “Ilha dos Amores” e “Velho do Restelo”. Nos três primeiros, a projeção subjetiva é denunciada pelo lamento do sujeito lírico que narra seus infortúnios, geralmente em torno da matéria amorosa, ou pela reflexão valorativa da própria voz poética, como ocorre no episódio do Restelo, em que personagem e poeta confundem-se quanto ao modo de encarar os empreendimentos marítimos. Buscamos, dessa maneira, identificar onde, como e com que intensidade se instaura o lirismo na obra, observando, em especial, pontos considerados substancialmente líricos segundo alguns autores a exemplo de Cleonice Berardinelli (2000), Hernâni Cidade (1985) e Linhares Filho (1980). Pretendemos, com isso, demonstrar ser possível haver um texto épico marcado pelo lirismo, sem perder o tom grandiloquente e pomposo apropriados ao gênero preponderante.

 

Palavras-chave: Lírica. Épica. Camões. Os Lusíadas.


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DOI: https://doi.org/10.18468/letras.2017v7n3.p403-424

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