Questões da filosofia (medieval) no teatro de Gil Vicente

Victor André Pinheiro Cantuário

Resumo


O teatro vicentino, cuja força de expressão e originalidade impressionam a ponto de parte da crítica literária reconhecê-lo como iniciador do segmento em Portugal, surge em um contexto histórico-social, a Europa do século XVI – o quinhentismo português, no qual a presença da filosofia medieval ainda é persistente. Essa filosofia, em nada homogênea e dedicada, fundamentalmente, à discussão da questão do ser, a partir da qual avança a metafísica ocidental, desdobrando-se na querela dos universais, entre outras, possivelmente, deixou rastros no teatro do dramaturgo português, constituindo-se a busca desses traços, desses vestígios em sua produção literária o objetivo deste escrito. A fim de se alcançar dito propósito, o artigo se debruça em referências que, primeiramente, apresentam o corpo histórico e as questões mais recorrentes da filosofia do medievo, assim como suas vertentes, sublinhando-se a grega, a islâmica, a judaica e a latina. Isto é cumprido por Corbin (1986), Nasr (2006), Gilson (2001), Libera (2011), Marenbon (2012), por exemplo. O segundo momento compõe-se de referências que investigam a obra de Gil Vicente em seus variados aspectos como a linguagem, a sociedade, a política, os costumes etc.; nesse momento tomam parte Teyssier (1982), Moura (1987), Moisés (2008), Saraiva e Lopes (2010); para finalmente compor-se a cena dedicada ao trabalho de rastreio esboçado no objetivo mencionado, seção na qual se há de fazer uso das Obras de Gil Vicente (1965), publicadas pela reconhecida editora portuguesa Lello & Irmão. Crê-se que o resultado desta investigação é o cumprimento de suas aspirações apropriadamente ao se ter localizado nas peças vicentinas selecionadas temas e questões tratados pelos filósofos medievais, assentadas na dualidade platonismo/aristotelismo, traduzindo-se em mais que preocupações de momento, em uma visão de mundo e de homem, a qual certamente se estendeu às artes, em geral, e à literatura, em particular, atingindo profundamente o dramaturgo lusitano.

Palavras-chave: Teatro português quinhentista. Filosofia medieval. Metafísica. Existência.


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DOI: https://doi.org/10.18468/letras.2019v9n1.p93-107

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