RETRATO PAULISTA DO BRASIL: PAULO PRADO, O MODERNISMO E A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
Resumo
Paulo Prado foi certamente uma das principais figuras da Semana de Arte Moderna de 1922. Membro da oligarquia cafeeira paulista e defensor das ideias bandeirantes, é autor do livro Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira, publicado em 1928, em que procura explicar as origens do atraso econômico e cultural do país e dos vícios crônicos dos regimes políticos, através do processo de formação racial e cultural da nacionalidade. O objetivo deste artigo é discutir a influência e a participação de Paulo Prado na Semana de 1922 e o projeto estético e político “do principal idealizador” do Movimento, segundo Berriel (2013). O artigo foi dividido em quatro partes: em ordem, “O modernismo ‘aristocrático’ de 1922”; “A concepção paulista de modernismo: da crítica necessária à visão ampliada”; “Retrato do Brasil: dois breves aspectos” e, por fim, as “Notas conclusivas”. Ao longo do trabalho procuraremos mostrar que há um forte elemento de continuidade e de conservação nos ideais estético e políticos da Semana de Arte Moderna de 22, o que coloca em xeque a noção predominante de vanguarda da mudança. Esta dimensão de continuidade no Modernismo e na obra de Paulo Prado é acompanhada por um forte espírito bandeirante, uma noção racista de superioridade do povo branco paulista e uma concepção do negro como raça inferior e corruptora no seio das famílias. Em suma, se na questão artística a Semana apresentou elementos de ruptura com o passado, no plano político e ideológico a história se deu de forma diferente.
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