Vozes (neo)nazis e(m) diálogo tropicalizado: uma análise do discurso do ex-Secretário Roberto Alvim

Marcos Alexandre Fernandes Rodrigues, Kelli da Rosa Ribeiro

Resumo


Nesse artigo, nosso objeto de estudo é o discurso do então Secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, contextualizado no início do ano de 2020, sobre novos rumos da cultura brasileira em seu governo. Pensando nas relações dialógicas evocadas nesse pronunciamento do ex-Secretário, elegemos os seguintes objetivos: (1) analisar os reflexos e as refrações semânticas dos signos ideológicos; (2) perscrutar os pontos de vista oriundos de vozes sociais em articulação com a nossa análise sígnico-ideológica; e (3) compreender o processo de bivocalização discursiva que enceta um diálogo (neo)nazista tropicalizado. Para essa empreitada, fundamentamo-nos em um referencial bibliográfico e interpretativo que põe em interlocução o projeto de sociedade do Círculo de Bakhtin/Volochínov/Medviédev e estudos historiográficos sobre o nazismo. Nossos resultados permitem concluir que Roberto Alvim, legitimado e autorizado pelo ideário bolsonarista, centrado no mito, instaura em seu discurso um diálogo (neo)nazi tropicalizado com a voz de Joseph Goebbels, um dos líderes do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), no processo de bivocalização discursiva. Na integração da sintaxe e de recursos léxico-semânticos do discurso de Goebbels, Alvim mobiliza signos ultranacionalistas sobre novos rumos da cultura brasileira. Para velar esse diálogo com o nazismo, disfarça pela sintaxe recursos léxico-semânticos do discurso do Ministro do Esclarecimento e da Propaganda de Adolf Hitler. Em vista desse diálogo velado, não usa aspas nem travessões para diferir as vozes das respectivas enunciações.

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