Uma viagem residual: os mortos, a travessia, o rio, o barco e o barqueiro na trilogia das Barcas
Resumo
O presente artigo consiste em dissertar sobre a morte e o ato de morrer no teatro medieval português de Gil Vicente, na Trilogia das Barcas – do Inferno (1517), do Purgatório (1518) e da Glória (1519) -, abordando, em especial, quatro elementos significativos da morte: a morte como travessia, o barco, o barqueiro e o rio -, elementos importantes para a viagem dos mortos; símbolos de proteção e salvação. O nosso objetivo é demonstrar que há semelhanças e diferenças residuais na forma de ver, pensar e sentir a morte no teatro vicentino; semelhanças e diferenças oriundas de povos e tempos distantes; semelhanças e diferenças entre sociedades cujas culturas parecem nunca ter tido contato, uma vez que as culturas entram em contato umas com as outras, independentemente do tempo e do espaço, a todo momento, atualizando-se e se modificando continuamente. Para tal, utilizamos os conceitos de resíduo, hibridismo, cristalização e mentalidade trabalhados pela Teoria da Residualidade sistematizada por Roberto Pontes. Para a orientação da nossa pesquisa investigativa, o método de procedimento utilizado será o comparativo. Buscaremos subsídios no corpus teórico da Literatura Comparada e os mesclaremos aos conceitos operativos da Teoria da Residualidade Cultural e Literária.
Palavras-chave: Gil Vicente, Trilogia das Barcas, Residualidade, Viagem dos Mortos.
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PDF PortuguêsDOI: https://doi.org/10.18468/letras.2019v9n1.p109-126
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