O TEATRO QUINHENTISTA DE ANCHIETA E OS RESÍDUOS DO DIABO MEDIEVAL EM TRÊS AUTOS ESCOLHIDOS: AUTO DA PREGAÇÃO UNIVERSAL, NA ALDEIA DE GUARAPARIM E NA VILA DE VITÓRIA OU AUTO DE SÃO MAURICIO

Francisco Wellington Rodrigues Lima

Resumo


As primeiras manifestações cênicas no Brasil são obras dos jesuítas Manuel da Nóbrega, João Azpilcueta Navarro, os quais utilizaram o teatro como instrumento de educação moral e artística. Mas, segundo José Carlos de Macedo Soares, os colonizadores portugueses trouxeram da metrópole o hábito das representações laicas, mas sem ajustá-las totalmente aos preceitos literários. Eles “amavam as representações desde as mais simples como o apropósito, até as comédias de costumes, passando pelos milagres ou mistérios e pelos autos”, inclusive, aqueles criados por Gil Vicente em Portugal, na época do descobrimento do Brasil (SOARES, 1954, p. 6). Entretanto, coube ao Padre José de Anchieta criar as primeiras manifestações da arte cênica religiosa em nosso país, mesclando em seu contexto, elementos oriundos do velho mundo e da Igreja Católica com os elementos de uma cultura cá existente, a dos indígenas. Sendo assim, o objetivo do nosso artigo é dissertar sobre os resíduos do Diabo Medieval no teatro elaborado pelo Padre José de Anchieta, em três autos escolhidos – Auto da Pregação Universal, Na Aldeia de Guaraparim e Na Vila de Vitória ou Auto de São Maurício. Como resultado, defenderemos a hipótese de que a representação do Diabo no teatro medieval está residualmente presente no teatro brasileiro quinhentista do Padre José de Anchieta, bem como as questões relativas à mentalidade, o imaginário cristão medieval, o teatro, a representatividade e os resíduos literários de uma época para outra.


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DOI: https://doi.org/10.18468/letras.2017v7n3.p125-157

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