O imaginário feminino sobre o casamento em Gil Vicente: “libertação ou fardo?”

Renata de Jesus Aragão Mendes

Resumo


Este artigo tem como intuito compreender a imagem que as mulheres portuguesas tinham do casamento no século XVI por meio das representações femininas em Gil Vicente. A análise se circunscreve a três peças2 do teatrólogo, a saber, o Auto da Sibila Cassandra, Quem tem farelos? e a Farsa de Inês Pereira. Além disso, fazemos uso da historiografia sobre as mulheres do período medieval e renascentista que tratam do discurso construído sobre o feminino pela literatura clerical. Ambos estes autos nos apresentam tipos femininos com comportamentos verossímeis, ao mesmo tempo em que apontam diferentes imagens sobre omatrimônio no contexto português do século XVI. Gil Vicente nos apresenta duas faces do casamento. Por um lado, é visto enquanto fardo e por outro enquanto libertação. Estas imagens são indicativos que o matrimônio estava cada vez mais perdendo o caráter sagrado defendido tanto pelo poeta quando pela Igreja Católica. Logo, temos como principal objetivo discutir de que maneira estas imagens representadas pelo devoto teatrólogo, nos ajudam a pensar nas questões de gênero dentro das relações matrimoniais e consequentemente no papel assumido pelas mulheres naquele contexto.
Palavras-chave: Gênero. Matrimônio. Gil Vicente. Portugal


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DOI: https://doi.org/10.18468/letras.2019v9n1.p43-53

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