A morte de deus e a ascenção do homem: uma análise da religião judaico-cristã moderna a partir da obra de José Saramago

Francisca Carolina Lima da Silva

Resumo


Uma das temáticas predominantes na obra de José Saramago é a releitura e a intertextualidade com as escrituras sagradas que compõem os evangelhos do judaísmo-cristão. Essa prática se constrói a partir de uma desconstrução das narrativas bíblicas e de uma leitura subversiva de alguns dos preceitos que fundaram o ideário ocidental. Ateu convicto, nessas inversões antirreligiosas, Saramago, ao mesmo tempo em que questiona crenças inabaláveis, apresenta-nos a desmistificação da História oficial, a partir de uma visão humanizadora dos episódios bíblicos. Dentro desse diálogo, uma das principais subversões que o autor realiza é a inversão de papéis entre Deus e o homem: enquanto este, através da figura de Jesus Cristo, assume as funções sagradas de Deus, (principalmente a de ser a medida de todas as coisas), aquele corporifica qualidades tipicamente humanas, comprovando, para o autor, sua ineficiência enquanto entidade superior. Este artigo propõe supor que Saramago materializa a perspectiva do Cristianismo moderno em sua obra, através da adoção da ideia filosófica da morte cultural de Deus, por meio da humanização e do desvendamento do caráter cruel e sanguinário dessa personagem. Para tanto, faremos uso dos postulados da Literatura Comparada para proceder nossa análise, utilizando também os conceitos que definem a paródia. Nosso cotejamento se dá acerca da estrutura de composição dos textos bíblicos e da possibilidade de tratamento de tais escritos sob uma perspectiva literária. 


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DOI: https://doi.org/10.18468/letras.2018v8n3.p15-28

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