RESÍDUOS MEDIEVAIS EM RAQUEL NAVEIRA

Mary Nascimento da Silva Leitão

Resumo


 O poema “Burca”, inserido em Portão de Ferro, da escritora sul-mato-grossense Raquel Naveira, resgata a representação de uma mulher que negativamente venceu o tempo e persiste ainda na atualidade. Trata-se da figura daquela que vive aprisionada dentro de uma veste que em culturas fora do Brasil ainda encontram sentido de existência. Referida representação surge no poema de Raquel Naveira também de forma metaforizada, fazendo-nos resgatar a própria história da mulher ao longo dos tempos, em especial na Idade Média, em que o ser feminino, segundo Le Goff & Truong (2014, p. 52), subordinava-se ao homem tanto no âmbito espiritual quanto no corporal. Tais ideias, tão propagadas na época, são frutos de uma concepção cristã, difundida através dos textos bíblicos. O estudo que possibilita identificar e compreender esses traços de mentalidade medieval presentes num texto atual diz respeito à residualidade (PONTES, 2015), teoria que sistematiza as noções de resíduo, cristalização, hibridismo cultural e mentalidade, mostrando a importância de elementos antigos que ultrapassam as barreiras do tempo e, vivos, influenciam na formação de “novas” culturas e de “novos” modos de pensar o mundo.


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DOI: https://doi.org/10.18468/letras.2016v6n1.p335-344

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