A representação simbólica do nojo em tempos de isolamento social

Alessandra Carvalho Abrahão Sallum

Resumo


Este artigo se propõe a discutir as formas discrepantes como os indivíduos vêm se comportando no que tange a higiene e os relacionamentos interpessoais, na esfera privada e num contexto mais amplo, público, em tempos de pandemia do Covid-19. As principais questões que impulsionam esta análise emanam das diferentes maneiras como o homem vê o problema do contágio, do sujo, do repulsivo e da morte entre seus círculos mais íntimos, bem como a mudança dessa percepção e do próprio comportamento quando confrontado com estranhos. O principal objetivo aqui é trazer à luz pensamentos tabus que podem direcionar a ação humana, a partir do inconsciente, instância psíquica descrita por Freud. Para isso, teremos as obras “O tabu do corpo” e “O tabu da morte” de José Carlos Rodrigues, como base para a elaboração da discussão, sob o olhar da psicanálise. Em situações de catástrofe, evidencia-se quão precária é a condição humana. A partir de comportamentos rituais, muito presentes nos hábitos de higiene estimulados durante a pandemia, o homem imagina possuir controle sobre os elementos externos e internos, fazendo, contudo uma curiosa diferenciação de aproximação ou distanciamento/nojo, dependendo de quão privada/íntima é a relação dele com os demais. A morte não escapa a esta reflexão, assumindo papéis diversos no ideário social, também trespassada pela natureza das relações existentes.

Palavras-chave


Coronavírus, nojo, psicanálise.

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DOI: https://doi.org/10.18468/if.2020v11n2.p117-126

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