Greves no Estado Novo: um processo de memória em disputa
Resumo
A presente pesquisa analisa greves no Brasil entre 1937 e 1945. O objetivo é compreender se e como essa vivência política sobreviveu entre os vencidos, apesar do processo de apagamento levado a cabo pelo Estado Novo e corroborado pela historiografia. A legislação grevista foi alterada na década de 1930 para proibir o seu exercício, sendo endurecida principalmente a partir de 1935 e definitivamente em 1937. Contudo, a instrumentalização da greve para a reivindicação de direitos, melhores condições de trabalho e mesmo para oposição política pode ser comprovada. A comparação entre as fontes que mostram episódios grevistas (jornais e processos) com doutrina e propaganda do governo, que afirmam a sua inexistência, revelam um processo de disputa de memória. A memória do movimento dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil fica incompleta quando alguns períodos são estudados sob a perspectiva do silenciamento. Por meio de abordagem benjaminiana, o objeto é trabalhado a partir da problematização da necessidade e justificativa da iniciativa estatal de negar a greve em seu contexto histórico. Uma vez explicitado o potencial revolucionário grevista, exemplos são analisados para rever o alegado hiato do protagonismo operário no Estado Novo.
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PDF PortuguêsDOI: https://doi.org/10.18468/fronteiras.2020v7n2.p127-142
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