O câncer de mama nas páginas dos Anais Brasileiros de Ginecologia

Vanessa Lana, Luiz Antonio da Silva Teixeira

Resumo


O presente artigo analisa o percurso do pensamento médico na configuração do câncer de mama como doença e a organização de conhecimentos e práticas de ação sobre a mesma no Brasil em meados do século XX, tendo como fonte os Anais Brasileiros de Ginecologia. O recorte temporal da análise corresponde ao início das discussões e ações em relação aos cânceres ginecológicos, na década de 1930, e a introdução do mamógrafo como instrumento de diagnóstico do câncer de mama no país, nos anos 1970, que impactou diretamente as práticas de controle da doença. O argumento principal é que a visão do campo médico expressa no periódico se apresenta de duas formas bastante diferenciadas, relacionadas ao processo de ampliação dos conhecimentos sobre os mecanismos da doença. Num primeiro momento, observa-se indefinições e busca de explicações e configurações sobre a doença em si. No segundo, como resultado de uma melhor identificação das formas de diagnóstico e possibilidades de intervenção e tratamento, busca-se a organização de ações de controle. Ao tomar os Anais Brasileiros de Ginecologia como principal fonte na construção desse trabalho, destacamos o papel que publicações especializadas têm na configuração de pensamentos e práticas, moldando saberes, agendas e perfis profissionais. Sendo a principal revista em ginecologia no período, os discursos ali trabalhados caminhavam no sentido de consolidação da própria ginecologia como especialidade médica.


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DOI: https://doi.org/10.18468/fronteiras.2019v6n2.p27-41

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