CONTO E CORDEL DE JARID ARRAES: POSSÍVEIS DIÁLOGOS EM NARRATIVA DE RESISTÊNCIA

Autores

  • Raimunda Nonata Martins de Oliveira
  • Patrícia Gissoni de Santiago Lavelle

Resumo

O presente trabalho tem como finalidade apresentar uma vertente da pesquisa de dissertação, em andamento, que busca investigar como a representação feminina é esteticamente figurada e elaborada na obra Redemoinho em dia quente (2019), livro de contos da escritora contemporânea Jarid Arraes. Sobre a faceta apresentada aqui, propõe-se um diálogo entre o conto Mais iluminada que as outras e o cordel Zacimba Gaba, ambos da autora Jarid Arraes. O conto é narrado por uma voz feminina que parece refletir sobre sua própria imagem e identidade. Inicialmente há a descrição dos membros e aspectos físicos do corpo do sujeito narrador, conduzindo o leitor para uma reflexão sobre como esse corpo ocupa o espaço em que se encontra e como ele ativa a memória de um lugar outro do qual só ouviu falar e, posteriormente, leu sobre esse espaço, bem como a relação estabelecida com os seus ancestrais que forma sua identidade. Ou seja, o corpo é dispositivo revelador dos desafios enfrentados pelas pessoas negras (Ratts/Nascimento, 2006), assim como no cordel Zacimba Gaba, que canta a história da heroína que lutou bravamente para libertar muitos negros da escravidão  atacando navios negreiros que pretendiam desembarcar no porto do estado do Espírito Santo. O diálogo proposto neste trabalho traz uma investigação sobre a semelhança entre as formas de resistência das quais os personagens se apropriam. No conto, a narradora recorda a história do catraieiro conhecido como Dragão do mar e, no cordel, a heroína Zacimba Gaba tem, em suas ferramentas de luta, as mesmas estratégias usadas pelo catraieiro para resistir aos desafios impostos pelo opressor. Portanto, propõe-se uma leitura de dois gêneros textuais diferentes que se assemelham na narrativa de manutenção e ruptura da tradição literária.

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Publicado

2025-02-24