RESIDUALIDADE MEDIEVAL NO MEMORIAL DE MARIA MOURA: A PRESENÇA DO BEM E DO MAL NO IMAGINÁRIO DAS PERSONAGENS DA NARRATIVA
Resumo
Este artigo tem como objetivo principal examinar resíduos medievais no imaginário das personagens de Memorial de Maria Moura (1992), romance escrito por Rachel de Queiroz. Esse imaginário polarizado é explicado pela presença dos padres, de origem europeia, no Brasil. Eles propagavam a fé cristã com a finalidade de aumentar o número de adeptos da religião católica. O referido imaginário é composto por dois planos que apresentam elementos residuais do Bem e do Mal. Representando o plano do Mal, analisamos resíduos da bruxaria medieval nos costumes dos residentes de um pequeno lugarejo ficcional nordestino. No plano do Bem, examinamos a presença de anjos associados à brevidade da vida de uma criança e à proteção da vida de pessoas que estão em perigo no lugarejo. Examinamos de que forma aconteceu o processo de aprendizagem das doutrinas católicas pelas personagens do Memorial utilizando a concepção básica de resíduo e os conceitos operacionais denominados endoculturação e imaginário. Estes três conceitos são integrantes da Teoria da Residualidade Literária e Cultural que dialoga com diversas outras áreas do conhecimento.