REFLEXOS DO COLONIALISMO NOS ROMANCES A ÁRVORE DAS PALAVRAS E DESMUNDO
Palavras-chave:
Romance, Colonialismo, MulherResumo
Este trabalho analisa o impacto da experiência do colonialismo em personagens femininas dos romances A árvore das palavras (1997), da escritora portuguesa Teolinda Gersão, e Desmundo (1996), da brasileira Ana Miranda. Estas duas narrativas são entrecortadas por características em comum, como o protagonismo de narradoras femininas, a ambientação histórica em antigas colônias portuguesas, Moçambique e Brasil, respectivamente, e uma revisitação da história a partir de um paradigma pós-moderno de incredulidade, questionamento e reatualização do passado. Em Á árvore das palavras, Teolinda Gersão conta a história da protagonista Gita e sua vivência na cidade de Maputo ao lado dos pais, Laureano e Amélia, nos anos que antecedem a eclosão da Guerra colonial em prol da libertação de Moçambique do jugo português. Já em Desmundo, ambientado no Brasil colonial do século XVI, Miranda reconta ficcionalmente, através do olhar sensível da órfã Oribela, como se deu a chegada da primeira leva de órfãs enviadas pela Coroa Portuguesa para estabeleceram matrimônio com homens brancos que viviam no território, como é o caso de Francisco de Albuquerque, com a protagonista é obrigada a se casar. Nas duas obras, fica evidente, pelo modus operandi do poder colonial, as diversas foram de dominação e subjugação a que as personagens femininas são vítimas, considerando, entre outros aspectos, a força do patriarcalismo neste contexto específico.