Resíduos do sirventês moral em Verbo Encarnado, de Roberto Pontes

Autores

  • Victória Pereira Vasconcelos de Abreu

Palavras-chave:

Sirventês, Residualidade, Poesia Insubmissa, Roberto Pontes, Sirventês moral

Resumo

Publicado em 1996, Verbo encarnado é um livro de poemas do escritor cearense Roberto Pontes, integrante da Geração de 60 da literatura brasileira, associado especialmente à vertente do “Protesto Social”, marcada por uma expressiva dimensão política e contestatória, motivada pelo contexto da ditadura militar instaurada em 1964. A veia poética insurgente presente na obra remete, de forma ressonante, a uma tradição literária anterior — o sirventês — composição de caráter político cultivada por trovadores medievais. Estabelecendo um paralelo entre a poesia trovadoresca e a produção poética de Pontes, este artigo tem como propósito investigar de que maneira traços remanescentes dessa poética de fundo moral se mantêm e se projetam em manifestações literárias contemporâneas, como a presente na obra em questão, produzida na década de 1990 no Brasil. Por meio de uma análise comparativa entre poemas identificados com o sirventês e composições da lírica de Roberto Pontes, buscamos identificar permanências e transformações que evidenciem a persistência de uma visão poética na outra. Para isso, fundamentamo-nos na Teoria da Residualidade, cuja abordagem permite o confronto entre sistemas poéticos distintos a partir de conceitos como resíduo, mentalidade, imaginário, cristalização, endoculturação e hibridação cultural. Complementamos nosso referencial metodológico com aportes da Literatura Comparada, cuja natureza interdisciplinar favorece o exame de aspectos históricos, temporais, culturais e sociais indispensáveis à condução das análises.

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Publicado

2025-10-28

Edição

Seção

Dossiê Leituras Residuais Afrobrasilusas