As três ordens residuais n’Os Sertões de Euclides da Cunha

Resumo

Este estudo aborda a presença das três ordens residuais que figuram n`Os Sertões, de Euclides da Cunha. Os que rezam (oratores): n’Os Sertões, a devoção ao seu líder, Antônio Conselheiro, representante de Deus na terra. A segunda ordem, (bellatores), os que combatem, os cavaleiros cristãos que foram apoiados pela igreja e que representam, na narrativa euclidiana, a Armada do Bom Conselheiro, chamados “jagunços”, que tinham, por isso, atribuição divina. E, os (laboratores), n’Os Sertões (2011) o mundo do trabalho, representado essencialmente pelos camponeses, cujas condições, apesar de penosíssima “são de uma fidelidade sem par”, nas palavras do narrador. Percebe-se assim n’Os Sertões, de forma residual, a mesma servidão e existência de trabalho no modo feudal de produção, com suas economias rurais fechadas em oligarquias. Proporcionalmente, temos na funcionalidade política e econômica do sertanejo a dominação senhorial com sua extorsão brutal. Os Sertões (2011) nos remetem assim à possibilidade de um modelo cultural pautado nas três ordens da sociedade cristã medieval e, por isso, vemos na leitura da narrativa euclidiana uma lógica feudal.