Hibridação literária no romance O Quinze: Naturalismo e Modernismo
Resumo
O romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, faz parte da segunda geração modernista do Brasil e tem como referência a grande seca de 1915, representando a miséria e a marca da desigualdade social que se fez presente no período em questão. Na obra mencionada, é nítida a presença de elementos característicos da literatura naturalista brasileira, a saber: abordagem de problemas sociais, descrição minuciosa da miséria e do ambiente, determinismo e representação objetiva da realidade, características essas que compõem a sociedade e os romances naturalistas do final do século XIX. Neste artigo, buscaremos encontrar tais elementos naturalistas em O Quinze, tomando como base a Teoria da Residualidade, formulada por Roberto Pontes (1999), segundo a qual em toda cultura há elementos remanescentes de tempos e espaços anteriores. A referida teoria trabalha com os seguintes conceitos operacionais: resíduo, mentalidade, imaginário, hibridação cultural e cristalização, a fim de apontar e explicar a relação existente entre culturas distantes no tempo e no espaço. Neste trabalho, buscaremos analisar a obra mencionada a partir da hibridação dos períodos literários, buscando as semelhanças tanto culturais quanto sociais do Naturalismo presentes residualmente em O Quinze. Assim, constataremos que os períodos literários não são completamente independentes, mas que possuem relações uns com os outros mesmo em tempos e espaços distintos.