Retalhos do Brasil Bandeiriano
Palavras-chave:
Manuel Bandeira, Poesia, Cultura, AfrobrasilusoResumo
O presente artigo discute, a partir do tema Brasil, a experiência da poesia bandeiriana ligada à vivência de um lugar partilhado cotidianamente, alcançado através do olhar de reconhecimento do outro, de identificação com a alma nacional, com a gente humilde e com o mundo simples. Por certo, apesar de breves incursões, Bandeira mergulha, de modo vigoroso e inventivo, em manifestações da cultura nacional, como tradições específicas de índios, de negros e do branco europeu que vieram à tona em sua poética. Figuras e práticas humanas, de genuinidade brasileira, entraram a partir da poética de Libertinagem (1930), a exemplo da preta Irene, da pequena Siquê, D. Janaína e Macumba do pai Zusé. Nesse artigo, veremos como Manuel Bandeira sonda práticas e cultos específicos da cultura dos negros e do índio, a fim de vivenciar, no plano linguístico, uma nação nova, carregada de simbologia afrobrasilusa. Para tanto, tomamos as compreensões de Darcy Ribeiro, em O povo brasileiro (2006), que disserta sobre a fusão cultural e mestiça que há no Brasil; bem como, a de Roberto Pontes (1999), sobre a cultura e a literatura afrobrasilusa, responsável pelo hibridismo cultural da nossa nação.